quarta-feira, 29 de outubro de 2014

As famílias

Não precisava de um momento infeliz para saber o que sempre tive a certeza: tenho os melhores amigos do mundo, tenho famílias por escolha, daquelas que entramos naturalmente e ficamos por opção mútua. 
Mas é sem dúvida nestes momentos em que nos fragilizamos fisicamente que a nossa alma se sente perdida e sozinha. É fácil cair na tristeza da incompreensão: não perceber o porquê de me acontecer a mim, logo a mim. Mas a vida mostra-me sempre que nunca estou sozinha e que no meio de algum azar tenho a maior das sortes. Num só dia sem ter uma visita de familiares tive uma dezena de amigos, o meu telemóvel fica sem bateria duas vezes por dia. Amigos que me valeram desde o momento em que aterrei no chão e que acharam por qualquer motivo que eu valia o seu tempo, carinho, todos os sacrifícios de me acudir, mimar, animar, de me pegar ao colo, segurar nas tarefas mais básicas. A todos sem excepção nem há forma de agradecer, as mensagens, os telefonemas e a presença, a preocupação, o carinho e os favores, os muitos favores que me têm feito. Mas a quem me trouxe para sua casa e diariamente me ampara, me veste, me segura, me cuida, a quem cuida do meu Gatinho e da minha casa na minha ausência: poderei viver mais 100 anos, não vou conseguir retribuir esta tão nobre forma de me tratar. 
Sim, a única pessoa da família que queria vir, não pode mesmo. Mas fica cá dentro cravado a ferro e fogo, o facto do meu Pai não fazer 300km para ver a filha que teve um acidente, foi operada e vive agora durante um mês em casa de uma amiga, por não ter condições de ficar sozinha, sem ajuda. Esta dor é a que sinto mais forte... Dói mais que a filha da puta da rótula fora do sítio!! 

1 comentário:

  1. Não estás sozinha, não é a mesma coisa. Mas não estás sozinha. Beijinhos, miúda :)

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