sábado, 8 de junho de 2013

Diário de um Vómito

Quando fui tia pela primeira vez a minha sobrinha passava a vida a bolsar, bolsava o leite, a papa e depois a sopa... era um cenário dantesco, saía-lhe verde da sopa pelo nariz em rajada, a papa saltava e quase que atingia os 50 metros barreiras, aquilo era demais.

Um dia em família, quando a minha sobrinha já não expulsava a comida com aquele horror, comentava-se aquilo num almoço de domingo: bolsa, daqui, vomita dali, impressionante, nunca se viu nada assim e diz o meu pai: "Na... para vomitar era a minha mais nova, nunca vi nada assim, porra!"

O desabafo foi feito em modo fofinho de pai que viajava 30 km e eu vomitava, de quem me proibia tristemente de ingerir qualquer sólido ou líquido até chegar ao destino, se fossem três horas eram três horas sem comer... Pois bem, não adiantava de nada...

Com comprimidos, sem comer, com truques de ir descalça, de ir à frente... em 30 ou em 300 km, eu vomitava assim que o meu corpo sentia movimento num carro.

As viagens eram sempre uma animação, para mim um tortura, chorava de vomitar, de enjoada, passava a vida a chorar... a família levava rolos de papel higiénico, sacos de plástico e ainda me lembro a minha madrasta andar sempre com uma muda de roupa de reserva para mim, iam buscar-me a casa da minha mãe e lá trazia ela a roupa (ao jeito dela, com aquele cheirinho e aquela suavidade que ainda hoje tento imitar na minha casa).

Isto a viver com a mãe a 130km do pai... era espetacular! E ter um pai que adora passear e mostrar-nos o país, e ir de férias... era sempre a lançar por essa berma fora.

Hoje admiro o heroísmo dele de nunca ter desistido de nos levar a viajar... Nem sei como o meu irmão não se vomitava todo só de me ver ou cheirar, outro herói!


Ainda hoje não passo mais de 3 meses sem expulsar o demo pela boca. é impressionante, volta e meia tungas... enjoos, mau estar e zás, deita cá pra fora.

Seja pela comida, seja por momentos de maior stress, seja por força do demónio... não tenho nenhum problema no estômago, mas ele gosta de expulsar cenas. 

E pronto, estou num desses momentos e lembrei-me de partilhar que: a vomitar desde mil nove e oitenta e três, em grande estilo.

(Agora como não tenho a minha madrasta ou o meu pai para me segurar no cabelo, prendo-o assim que pressinto que posso ir lançar o barco)

Eu sei, este post está um nojo, aguentem que eu também me aguento em toda uma vida em modo vomitado! 

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