O amor esmorece… é como uma flor que murcha. Anos passados,
a coisa arrefece, mas é suposto arrefecer? Diz que o amor toma o lugar da
paixão. Mas e a paixão não devia durar sempre?
O Fernando Alvim explica isto muito bem e eu gosto:
“Ouçam, a paixão não faz fretes,
ninguém quando está apaixonado liga para a outra pessoa porque tem que ser. Na
paixão não tem que ser, é. Já o amor é o que se sabe, uma folha de cálculo,
organizadinho, com a camisa aos quadradinhos, risquinho ao meio no cabelo, um
exemplo para a família, bravo, bravo! Pois a paixão também o pode ser. E está
na altura de não a subestimarmos mais. Alguém que diga que está apaixonado por
outra, não pode ser tratado como se fosse um amante. A paixão pode também nunca
morrer, pode ser para sempre, sem precisar dessa coisa do amor. A paixão é
independente, é música alternativa. O amor é hit parade, é sucesso na rádio
cidade. O amor dificilmente viverá sem a paixão e não me venham dizer que o
contrário também é verdade, porque pode muito bem ser e daria cabo de toda esta
minha tese que conclui precisamente agora”.
Depois há os sinais que a coisa
não vai bem, onde o máximo contacto físico se resume a um selinho, um chocho,
um mero beijo mecânico para cumprir calendário, “Olá bom dia, até logo, olá boa
noite, voltei, dorme bem”.
Se o fogo-de-artifício apaga?
Pode apagar, mas não devia, está errado e quando apaga… apaga tudo.
Relativamente ao beijo o Alvim
também tem uma visão deliciosa:
“O amor não pode ser celebrado
com um chocho. O amor tem que ter língua. E esta deve ser usada, que é para
isso que ela serve.
O problema do amor é ter deixado a língua cá
dentro. De a ter retraído com o passar do tempo. De a ter cativa na sua boca. O
amor, esse que nos encosta à parede e nos apressa os compassos cardiovasculares
e nos tira a roupa e nos desmancha a cama e nos faz não atender o telefone –
porque é que nos ligam sempre a estas horas? –, esse amor de que agora falo,
que nos faz sentir vontade de chegarmos a casa mais cedo e mandarmos uma SMS a
dizer que estamos inquietos no trabalho só de pensar que daqui a pouco
estaremos juntos – e vamos estar juntos – e telefonar só para ouvir a voz do
outro, e mandar uma tosta mista para o emprego dela com um papel a dizer “Toma,
é para ti!”, esse amor precisa de língua! E, por isso mesmo, nunca se poderá
celebrar com um chochinho!”
(Ambos os textos no livro “Não
és tu, Sou eu”)
Mas não acredito que haja alguém que viva bem com tanta secura e não falo de sexo, porque o que faz
falta não é o acto em si é tudo aquilo que no início levava ao mesmo.
E isto pode ser o princípio do
fim, o amor sem paixão e o beijo sem língua!
“Watch out” porque o amor é como
a relva…
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